sexta-feira, 18 de março de 2011

A LUZ DOS ASTROS.

       Olhem só, vocês já conheceram a Giovanna, uma de nossas escritoras, agora conheçam sua irmã, Victória, mais uma escritora brilhante que aparecerá por aqui com certa frequência. Também uma escritora de mão cheia, li poucos contos dela, e estou ansioso para ler mais. Esse foi um dos contos escritos por ela e que, por meu ver, ficou realmente bom. Tenho certeza de que em breve estarei postando outros contos, poemas e poesias (porque esses dois últimos gêneros ela também escreve muito bem) dela por aqui. Espero que gostem desse conto tanto quanto eu gostei! Tenham uma boa leitura!



A LUZ DOS ASTROS.


         Em uma certa noite de verão, Renée, um garoto um tanto quanto sonhador, debruçou sobre a janela de sua modesta casa, observando a majestosidade das estrelas.
         Era isso que o fascinava. Não era movido por bens materiais, até porque, morando em um cortiço e com escassas condições, não havia possibilidades de possuir muito. Mas ele não se importava, a vida, para Renée, estava além das estrelas e do universo, ela estava no céu, para quem quisesse vê-la.
         Todos os dias Renée saía dos subúrbios de onde morava para o centro de Londres, um lugar altamente mágico ao seu ver. Lá o pequeno grande garoto podia ouvir sobre o seu assunto preferido, a astronomia, através de seu fiel e melhor amigo, Órion, um senhor capaz de ensiná-lo tudo e que, como conhecedor árduo de estrelas, sabia e dominava.
         Não se conhecia muito sobre o céu, mesmo que estudiosos tentassem tanto desvendar seus mistérios, mas era exatamente pelo desconhecido que Renée se fascinava cada dia mais.
         Suas visitas a Órion o faziam esquecer de suas dificuldades e problemas. Tudo o que queria era poder ir além do telescópio, ver o real espaço e ser possuidor de um pedacinho do Universo.
         Seu pai, Argus, um homem muito severo, insistia para que Renée deixasse de ter pensamentos infantis e de ilusão, e que fosse trabalhar. Mas Renée não desistiria de seu sonho com tanta facilidade.
         Em um dia tão angustiante quanto os outros, Renée recebeu a notícia mais dolorosa de sua existência. O seu tão importante amigo, Órion, havia falecido na noite anterior. Tudo pareceu em vão e, na face do ingênuo garoto, rolavam lágrimas de solidão.
         Ao saber do acontecimento, Argus decidiu trancar o seu filho no porão, para que este nunca mais pudesse se iludir com toda a futilidade do universo. Mas ele não sabia que o seu tão sábio filho perderia seu brilho, assim como as estrelas que param de emitir luz, assim como a escuridão de uma noite nublada sem fim.
         A cada dia que se passava, Renée se sentia mais distante de seu sonho, já que fora privado de ver o céu. Lembrava de seu amigo, que o alertava para sonhar mais alto que as estrelas.
         Remexendo em um baú antigo, no porão em que se encontrava, o garoto fez uma descoberta incrível. Havia, no baú, um belíssimo telescópio, com símbolos meticulosamente escritos em dourado.
         Quando Renée, tão fascinado com o objeto, se lembrava que não poderia utilizá-lo, ele se desanimava. Mas por curiosidade ao olhar através do objeto, o garoto se vê, de repente, diante das mais complexas constelações, das mais brilhantes estrelas e dos planetas mais longínquos. Era isso, o telescópio realizava o seu tão impossível sonho e Renée tinha certeza que o responsável por tudo aquilo era Órion, que sempre acreditou em seu potencial e acreditou no que, há tempos, não era mais acreditado.
         Com aquele objeto em mãos, Renée não poderia mais esperar, tinha que sair daquele porão. O que naquele momento apareceu, foi de uma ajuda extrema. Ele havia descoberto uma saída no canto do teto, que desembocava na rua, uma oportunidade perfeita.
         Renée então, conseguiu se livrar daquele local, já que era um garoto perspicaz. Sua vida se tornou mais difícil, afinal, não voltaria tão cedo para casa. As ruas eram a sua moradia.
Renée julgava ter uma vida completa, ele agora podia olhar para o céu, fato de que fora privado por seu pai, com seu telescópio, carregando-o sempre nas mãos, com a certeza de que um dia poderia ser um pássaro e que voasse ao infinito universo, procurando por dias de luz. E era daquela luz, a luz dos astros, que ele se alimentava.


Por: Victória Stracia Jannuzzi.

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