quarta-feira, 16 de março de 2011

O Pássaro.

  Este conto foi escrito por uma amiga minha, Giovanna, uma autora realmente boa. Tive a sorte de conhecê-la este ano, e de descobrir o quanto ela escrevia bem. Logo que li este conto escrito por ela, fiquei maravilhado e, obviamente, a pedi para que deixasse eu o publicar aqui. Realmente gostei de seu estilo de escrever e do tom que ela dá à suas histórias. Podem ter certeza de que vocês irão se acostumar a ver vários contos e histórias dela aqui. Espero que fiquem tão entretidos quanto eu com esse conto. Boa leitura a todos! 


O PÁSSARO.


         Subitamente, fixava o olhar ao redor da varanda coberta pela branca e delicada neve. Todos os dias, assiduamente, pousava o mesmo dissimulado olhar sob a varanda.
         Sem anunciar-se através de um ruído auditível, ele logo estava à minha frente. Fitando-me por um minuto que aparentava ser uma longa eternidade.
         Sua penugem inteiramente vermelha, como o sangue que um dia poderia causar a agonizante dor de uma morte.
         Sim, era um simples pássaro. Mas por que tanto me intrigava e chocava, e ao mesmo tempo idolatrava-o com um Deus? Talvez, aquele pássaro soubesse de meu remoto passado, fazendo-me constantes visitas para ensinar-me a viver e para que eu pudesse desvendar o significado de liberdade, já que minha vida havia sido um fundo poço de extrema infelicidade, que a todos os momentos aterrorizava e amedrontava meus pensamentos.
         Recordo-me que estava no auge da juventude quando me casei. Meu noivo possuía traços de perfeição, sendo honesto, trabalhador e bondoso. Ou melhor, ele aparentava ser. Após poucos meses, ele já havia deixado explícito seu verdadeiro eu. A partir deste fato, minha história se resumiu em três palavras: tortura, dor e terror.
         No entanto, num pacato dia ele passou dos limites. Resolveu matar-me a qualquer custo.
         Chorei desesperadamente temendo que algo ruim ocorresse. Sabia que deveria agir.
         Com o ódio literalmente me movendo, matei-o. Prazerosamente, matei-o. Apreciei cada momento daquele ato, pois daquela maneira me vingaria pelos anos nos quais passei aprisionada, como um pássaro reprimido em sua gaiola.
         Hoje, não observarei mais o pássaro vermelho e majestoso na varanda, pois através de seus olhos vejo exatamente o retrato daquele que causou minha infelicidade. Sei que me vigiará, vendo-me definhar até a morte.


Por: Giovanna Stracia Jannuzzi.

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